terça-feira, 25 de agosto de 2009

Férias (Prologo)

Uma das últimas mensagens pedia para "postar" as fotos das férias. Não vai ser hoje. Talvez amanhã ou depois, não sei. Tenho a minha máquina fotográfica exactamente no mesmo sítio desde que a tirei do carro no dia do regresso. Inconscientemente - e agora que penso nisso - devo ter andado a adiar a penosa - sádica? - tarefa de me obrigar a olhar para as recordações de uns dias fabulosos em que pensei em quase tudo menos em trabalho. Minto. Por duas vezes me lembrei que o regresso a Coimbra seria inevitável e por duas vezes o adiei, prolongando a estadia no hotel. Da segunda vez foi só por um dia. Inevitavelmente fiquei com a sensação de que teria sido só por uns minutos, tão depressa o tempo correu...
Levo para as férias inúmeras coisas que geralmente acabo por não usar, ainda que não chegue ao cúmulo de tentar por a casa no porta-bagagens - Não percebo, aliás, aquelas pessoas que tentam levar para fora tudo o que podem (e o que não podem...) para se sentirem, em férias, como se estivessem em casa. Mas este ano fui particularmente meticuloso a organizar a mala. Levava apenas o "essencial" (roupa, saco de golfe, iPod e livros). Devo ter franzido o sobrolho quando reparei que o essencial incluía só em livros: "A história de Edgar Sawtelle" (de David Wroblewski, acabei de confirmar o apelido), "Love" e "Be loved" (de Toni Morrison), Timbuktu (Paul Auster), "A conspiração" e "Anjos e demónios" (Dan Brown). E de sobrolho franzido pensei: - Nem por sombras. Quando muito lês o do Auster (o mais fininho e que há tempos estava para ler) e mais um ou outro (ou menos um do que outro). Hesitei. Teimosamente levei-os todos.
Tinha passado no dia anterior pelo "Continente". Sobravam vestígios de uma "feira do livro": "-Talvez encontre alguma coisa". Em destaque numa prateleira estava "A história de Edgar Sawtelle". Na capa tinha dois autocolantes. Um deles dizia: "Romance do ano 2009". Olho com desconfiança para esses epítetos. "-Se é o romance do ano de 2009, para o ano já não deve valer muito". Pensamento irresistível e claramente reaccionário ao dito autocolante. "humm, e se eu o mudasse para a Biografia do José Sócrates?!...". Foi um outro apelo de Marketing que me fez decidir: uma citação da Oprah que, entre aspas, dizia: "O melhor romance que já li. Tem tudo o que desejamos num livro". - Quero ver isso... Ainda tinha o livro na mão quando olhei para duas capas mais abaixo: "Love" e "Be loved" escritos com letras bem visíveis e destacadas das cores fortes das capas que davam a impressão de estarem a envolver uma literatura "light" (como hoje se diz) capaz de arrancar algum sorriso ou esgar irónico quando apanhada, na praia, nas mãos de um homem fortemente musculado. Como não era o meu caso, não tinha com que me preocupar. O tempo que demorei a percorrer as capas foi exactamente o mesmo que demorei a sentir-me completamente estúpido e ignorante. A autora - Toni Morrison - era "só" prémio Pulitzer para melhor ficção e prémio nobel da literatura. Trouxe os dois. Deixei as prateleiras dos "destaques" e fui à procura do Paul Auster na vala comum do grande expositor dos livros. "Será que o Invisible já saiu?" Não saíra. Trouxe o Timbuktu (não fossem as aulas de fiscal e já o tinha lido há mais tempo). Já chega. Ainda tens em casa dois livros do Dan Brown que te ofereceram e que ainda estão por ler.
A minha ideia era clara: aproveitar as horas ao sol para ler e dar uso ao iPod. E assim foi. Comecei com o Edgar Sawtelle...

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