sexta-feira, 13 de março de 2009

OPINIÃO DE UM GURU PORTUGUÊS


Que as coisas não estão bem, já todos temos essa percepção, o importante agora é parar, reflectir, decidir e agir, ( criticar sim desde que construtivamente) pois são as tomadas de decisões que fazem com que se avance seja em que área for tendo presente que uma decisão tem como "alma gémea" a consequência e portanto temos que estar dispostos a correr o risco.
sem duvida que a educação é um aspecto fundamental a estruturar e a renovar de acordo com os novos moldes de emprego numa sociedade cada vez mais competitiva e que apenas permite vencer os que são realmente bons e que se conseguem moldar às mais diversas situações.
no seguimento de alguma pesquisa sobre o tema da educação e sobre os aspectos a melhorar, segundo pessoas conhecidas e com provas dadas na área, encontrei uma entrevista de Belmiro de Azevedo, esta que bem entendida, é uma dura critica ao actual sistema de ensino português bem como ao corporativismo existente no mundo académico.
deixo aqui alguns momentos da entrevista que considero mais relevantes e cuja discussão e relevante para uma melhor compreensão dos aspectos que devem ser mudados com vista ao correcto desenvolvimento do ensino em Portugal.

"Portugal é um país de doutores desempregados?

BELMIRO DE AZEVEDO - O significado da palavra "doutor" em Portugal foi evoluindo até se tornar numa espécie de bilhete de entrada no mercado de trabalho a preço fixo. Quando tinha 17 anos de idade, na Faculdade de Ciências, os contínuos já chamavam "doutores" aos alunos do primeiro ano. Assim, diferente de outros países, onde pessoas que são realmente "doutores" não são designadas por tal, aqui em Portugal há pessoas chamadas por esse título, independentemente da sua capacidade intelectual e competência. Ou seja, existem e continuam existir muitas pessoas que entram na universidade sem a vontade de trabalhar na área que escolheram, nem com a competência necessária para tal. Por isso, há excesso de formação em certas áreas, o que acaba, em parte, por desvalorizar a licenciatura.

Acha que ainda existe um corporativismo forte nas universidades, que emperra a ligação ao mundo empresarial?

B.A. - Sim. O corporativismo é um mal geral da sociedade portuguesa, que vem do antigo regime e que infelizmente, o 25 de Abril não eliminou. O corporativismo luta por causas sem conteúdo. Os sindicatos, por exemplo, exigem mais salário sem quererem saber se há criação de riqueza ou não. Os patrões querem incentivos fiscais independentemente se têm estratégia ou se criam produtos com interesse. Os jornalistas, também, defendem valores determinados de uma maneira corporativa: têm direito de dizer mal de quem seja e não aceitam críticas de fora. Mas o corporativismo universitário é difícil de perceber, porque os académicos deviam ser pessoas de inteligência superior e assumir um posicionamento mais aberto. Mas como os professores universitários auferem hoje baixos vencimentos, isto obriga-os a uma carreira multi funcional, situação que os torna corporativos. Os bons professores não deviam ter limite de salário. É quase ridículo ver pessoas de grande craveira intelectual em manifestações, embora esta situação seja mais evidente em professores do ensino primário e secundário. Mas há sempre uma escapatória: um professor que é competente, sai da universidade pública, vai para o sector privado e protesta menos.

Quais as razões da sucessiva ineficácia das reformas do ministério da Educação?

B.A. - O ministério da Educação sempre foi um monstro dentro de outro monstro que é a administração pública. O ministério da Educação é o maior empregador nacional, deve possuir o maior teor de burocratas no sistema. Continua a gerir numa lógica de continuidade aquilo que existe, em vez de gerir numa lógica de base zero, por reformular o sistema por completo. Não têm existido verdadeiras reformas educativas. As reformas do sistema de ensino em Portugal têm-se centrado nas provas finais e de acesso e não nas questões de fundo, como o financiamento das estruturas - escola e universidade - e a alteração completa do sistema de remuneração dos professores. E quando esses temas afloram na comunicação social, desaparecem logo a seguir e fica tudo na mesma. E tem-se mais do mesmo

No que diz respeito ao financiamento das universidades, que medida se deveria adoptar para aumentar a racionalização dos recursos?

B.A. - Sou a favor do financiamento do aluno - através de um cheque educação, por exemplo - do que a instituição universitária. Isso é financiar um peso morto, deitar dinheiro para um buraco, sem saber depois como ele é gerido

Como avalia a política de formação dos últimos 15 anos?

B.A. - O problema é saber como o dinheiro para a formação foi gasto. E não se sabe. Criou-se uma indústria cujo objectivo era captar os fundos europeus, sem grande preocupação de formar pessoas para o mercado de trabalho. Caso contrário, tinham-se formado mais electricistas e técnicos de vária ordem. O fundamental era criar um curso para ter direito a uma receita, independentemente da qualidade daquilo que se ensinava e da real formação para o mundo do trabalho. O resultado é que hoje as associações patronais e uma certa classe de empresários vivem à custa dos subsídios do Fundo Social Europeu. Isto esteve longe de ser um investimento cuja produtividade seja recomendável. "

esta entrevista foi realizada na época em que António Guterres era primeiro ministro, é impressionante como ainda se mantém actual.

para uma leitura da entrevista na integra consultem o link:

http://www.janelanaweb.com/reinv/bazevedo.html

bem haja

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